segunda-feira, 28 de março de 2016

MULHERES ESPÍRITAS



Março é o mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher.
Apresentamos, aqui, os cumprimentos, respeito e consideração às mulheres que tem participado do Movimento Espírita, desde o advento do Espiritismo. 
Começando pelo episódio ocorrido em Hydesville, no Estado de Nova Iorque (EUA), é possível perceber a participação feminina no processo, pois, foi uma mulher, Katharine Fox (Kate), de apenas 11 anos de idade que, corajosamente, procurara imitar os ruídos presentes em sua casa, batendo palmas, seguindo o número de batidas ouvidas. Estabeleceu-se, assim, o primeiro código de comunicação com o lado espiritual, em 1848.
Em 1855, o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail (nome verdadeiro de Allan Kardec) encontra-se na casa da Sra. Plainemaison, em Paris, França, presenciando o fenômeno das "mesas girantes ou dançantes". Graças a essa mulher que abriu as portas da sua casa para esse fenômeno, Rivail pode iniciar seus estudos e pesquisas sobre os fenômenos espirituais. Em uma dessas reuniões o professor conhece o Sr. Baudin que o convida a ir até sua casa, onde tais reuniões também aconteciam com a participação de suas filhas médiuns, as jovens Caroline Baudin, com 16 anos e Julie Baudin, com 14. Elas escreviam numa ardósia com o auxílio de um lápis grosso preso numa cesta. Colocavam as mãos nas bordas da cesta e algumas mensagens eram escritas, sem o contato direto com o lápis. Nessa reunião, observam-se mais duas mulheres auxiliando o professor Rivail que, em uma dessas reuniões, conheceu seu guia espiritual que passa a orientá-lo nos seus estudos. Um outro grupo se reunia na casa do Sr. Roustan para assistir ao trabalho da médium Celine Japhet. Rivail começa a elaborar questões mais complexas para o livro que estava sendo preparado. Passado mais um tempo conhece a menina Ermance Dufaux de 14 anos que seria a médium principal para a conclusão de "O Livro dos Espíritos". 
Uma figura ímpar da codificação e, infelizmente, nem sempre lembrada pelos espíritas foi Amélie Gabrielle Boudet a Sra. Rivail ou Sra. Allan Kardec. Foi a grande incentivadora dos trabalhos e companheira infatigável. Segundo palavras do próprio Kardec “...minha mulher, que nem é mais ambiciosa nem mais interesseira do que eu, concordou plenamente com meus pontos de vista e me secundou na tarefa laboriosa, como o faz ainda, por um trabalho por vezes acima de suas forças, sacrificando sem pesar os prazeres e distrações do mundo, aos quais sua posição de família a tinham habituado”5. Após a desencarnação de Kardec ela teve uma importante participação no fortalecimento e na divulgação do Espiritismo. 
Na Espanha a grande divulgadora do Espiritismo foi Amalia Domingo Soler (1835-1909). Autora do livro "Memórias do Padre Germano", teve uma infância difícil, o pai desencarnou antes dela nascer, ficou cega aos 8 anos e foi curada por um farmacêutico. sua mãe desencarnou quando ela tinha 25 anos. Lutou com dificuldades, foi para a capital (Madrid) e chegou a passar fome. Em 1872 envolveu-se no Movimento Espírita da época. Em 1879 entrou em contato com o seu guia (Padre Germano) que, através do médium Eudaldo ditou-lhe suas memórias, cujo livro é publicado até os dias de hoje. 
No Brasil a educação deve muito a Anália Franco (1856-1919). Ela fundou mais de setenta escolas e mais de vinte orfanatos em São Paulo, fundou uma importante Instituição de auxílio a mulheres dentre outras realizações. Desencarnou vitimada pela gripe espanhola. Em Minas Gerais nasce em Mateus Leme (1922) Meimei, cujo nome era Irma Castro que desde muito jovem sofria de nefrite. Casou-se aos 22 anos com Arnaldo Rocha e após 2 anos de casada a doença voltou a se manifestar, e ela desencarna. Seu marido recebeu comunicação através de Chico Xavier e mais tarde veio a saber que ela tinha sido a Blandina do livro Ave Cristo e Entre a terra e o céu. Suas mensagens são encontradas em diversos livros, psicografados por Chico. No Rio Grande do Norte, em Macaíba, nasceu Auta de Souza (1876-1901). Aos 3 anos de idade seu pai desencarnou e, no ano seguinte, sua mãe. Criada pela avó analfabeta, foi matriculada num colégio de freiras. Aos 12 anos, uma nova tragédia, seu irmão desencarna na sua frente, vítima de um acidente com lampião. Dois anos depois contraiu tuberculose e teve que deixar a escola, tornando-se autodidata. Aos 16 anos começou a escrever. Teve seu livro "Horto" prefaciado por Olavo Bilac. Desencarnou aos 25 anos, vítima da tuberculose. Volta depois pelas mãos abençoadas de Chico Xavier em psicografias no livro "Parnaso de Além Túmulo" (1932).
Uma médium de grande expressão no Espiritismo e que não pode ser esquecida nunca é Yvonne do Amaral Pereira (1900-1984), uma costureira que dedicou sua vida ao Espiritismo. Para ela a Doutrina Espírita se resumia a Jesus e Kardec. Tinha desdobramentos (sonambulismo) durante o sono, recebendo crônicas e contos. Era médium receitista homeopática, sob a orientação do Dr. Bezerra de Menezes. Seu livro mais conhecido é "Memórias de um Suicida". Atuou em Centros Espíritas de Lavras (MG), Barra do Piraí (RJ), Juiz de Fora (MG), Pedro Leopoldo (MG) e Rio de Janeiro (RJ), onde residiu sucessivamente. 
Marlene Nobre (1937-2015) era de família espírita, inclusive sua mãe fora, aos 19 anos, ainda solteira, a mais jovem presidente de Centro Espírita em Monte Verde. Médica ginecologista, foi a fundadora e Presidente a Associação Médico-Espírita do Brasil e Internacional (AME). Foi pesquisadora e escritora de livros Espíritas. Na década de 1970 fundou, junto com seu marido, o jornalista e deputado federal Freitas Nobre, o jornal "A Folha Espírita". 
Therezinha Oliveira (1930-2015) nascida de mãe católica e pai espírita, na infância a mãe percebendo o desabrochar de sua mediunidade a levou para participar da religião do pai (já desencarnado). Começou a ter aulas de evangelização infantil, participou de teatros na mocidade e acabou exercendo por mais de 50 anos, atividades ininterruptas na seara espírita, presidindo o Centro Espírita Allan Kardec e a USE (União das Sociedades Espíritas) de Campinas-SP. Foi oradora brilhante, com mais de duas mil palestras realizadas no Brasil e nos Estados Unidos, além de escrever diversos livros instrutivos para o espiritismo.
Em Juiz de Fora destacam-se duas mulheres, dentre outras: Suely Caldas Schubert e dona Isabel Salomão. Suely tem sido trabalhadora espírita desde criança, autora de livros e palestrante internacional. Fundadora e dirigente da Sociedade Espírita Joanna de Ângelis naquela cidade. Seu primeiro livro Obsessão e Desobsessão (1981) é fonte de consulta sobre o assunto até hoje. Dona Isabel aos 17 anos conheceu o Espiritismo, embora desde a sua infância já se comunicasse com os Espíritos, vendo e ouvindo-os. Tinha uma boutique que vivia cheia de pessoas que queriam ouvi-la. Fechou a loja e começou a trabalhar espiritualmente. Realiza "curas espirituais", tendo sido tema do programa "O Globo Repórter" e entrevistada por Ana Maria Braga no programa "Mais Você" da rede Globo de televisão. 
De todas essas mulheres, no entanto, a história mais comovente é a de dona Aparecida Conceição Ferreira, fundadora do Lar da Caridade e Hospital do Pênfigo em Uberaba. Essa senhora, em meados de 1945, era enfermeira no Isolamento da Santa Casa de Misericórdia de Uberaba, a ala destinada ao tratamento das pessoas acometidas pela doença do Pênfigo, ou "Fogo Selvagem". Quando soube que esse setor seria fechado, ela recolheu os 12 pacientes que estavam lá e levou para a sua casa, de apenas três cômodos. A amizade com Chico Xavier ajudou a arrecadar doações para que ela construísse uma Instituição de tratamento. Em 1957 o prédio foi inaugurado e pessoas de várias cidades do Brasil dirigiam-se para Uberaba para buscar tratamento. O "Lar da Caridade" atende hoje a 3.600 pessoas mensalmente. Foi também fundadora do Centro Espírita Deus e Caridade.   
Outras tantas mulheres abrilhantam o Movimento Espírita como, por exemplo, a professora Heloisa Pires, a pedagoga Dora Incontri, a médica veterinária Irvênia Prada, que luta pela causa dos animais. A apresentadora da Tv Novaluz e do programa Despertar Espírita, Yasmin Madeira e a psicóloga e apresentadora do programa Transição Del Mar Franco
Todas as mulheres Espíritas sintam-se homenageadas nesse dia: as presidentes dos Centros Espíritas, das AME (Aliança Municipal Espírita), dos CRE (Conselho Regional Espírita), das Federativas e, principalmente, as médiuns anônimas que fazem, em silêncio, a diferença no Movimento Espírita. Parabéns e obrigado por vocês terem escolhido reencarnar num corpo feminino para o engrandecimento do seu Espírito e daqueles que convivem com todas vocês. Deus as abençoe sempre.
Carlos Gomes

REFERÊNCIAS:

1 - CAMILO, Pedro Yvonne Pereira - uma heroína silenciosa. Brangança Paulista, SP: Instituto Lachâtre, 2014.
2 - PEREIRA, Yvonne Recordações da Mediunidade. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
3 - PALHANO JR., Lamartine Meninas do Barulho - a história real das irmãs Fox de Hydesville. 2. ed. Bragança Paulista, SP: Instituo Lachâtre, 2013.
4 - MONTEIRO, Eduardo Anália Franco - A grande dama da Educação Brasileira. São Paulo: Madras, 2004.
5 - WANTUIL, Zêus e THIESEN, F. Allan Kardec - Pesquisa Biobibliográfica e Ensaios de Interpretação, vol. II. Rio de Janeiro: FEB, 1980. 








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